Fotos: Aterro sanitário da Resíduo Zero Ambiental, do Grupo SOLVÍ, que começou a operar em 2018, no município de Guapó, Região Metropolitana de Goiânia (Crédito: Resíduo Zero)
Jornal Hora Extra – 19/04/2025
Os aterros sanitários representam uma das alternativas mais eficientes para o descarte adequado de resíduos urbanos, assegurando um tratamento ambientalmente correto e reduzindo os impactos negativos na saúde pública e no meio ambiente. No Brasil, especialmente em Goiás, a gestão privada desses espaços tem avançado, embora ainda haja muito potencial a ser explorado.
Dados do governo federal indicam que, até o final do ano passado, o país contava com aproximadamente 270 aterros licenciados em operação, sendo dois deles localizados na região metropolitana de Goiânia. Em contrapartida, os lixões, administrados por municípios, ainda somam cerca de 3 mil em todo o território nacional, conforme informações da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema). Um exemplo é o lixão da capital goiana, que opera sem licença ambiental.
De acordo com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), em dezembro de 2024, mais de 20% das cidades goianas ainda não haviam regularizado sua situação. Para auxiliar nesse processo, o governo estadual implementou o Programa Lixão Zero, alinhado ao Plano Nacional de Resíduos Sólidos.
Vantagens dos Aterros Privados
Pedro Maranhão, presidente da Abrema, ressalta que os aterros sanitários privados licenciados são a melhor opção para a destinação final de resíduos urbanos, principalmente por possuírem infraestrutura adequada para reduzir os danos causados pelo metano e pelo chorume.
“Eles oferecem uma solução segura e eficaz quando outras alternativas, como reciclagem e compostagem, não são viáveis. É uma garantia fundamental para uma gestão ambientalmente responsável”, afirma.
Eficiência e Tecnologia
Empresas especializadas em operar aterros sanitários privados contam com tecnologia avançada e expertise técnico, assegurando um tratamento correto dos resíduos e evitando a poluição do solo, da água e do ar. Diferentemente dos aterros públicos, que muitas vezes carecem de recursos, as empresas privadas investem em equipamentos modernos, sistemas de monitoramento e processos eficientes, resultando em menor impacto ambiental.
Caso de Sucesso em Goiás
Um exemplo bem-sucedido é o aterro sanitário da Resíduo Zero Ambiental, do Grupo SOLVÍ, em Guapó, que iniciou suas atividades em 2018. Atualmente, recebe resíduos de 56 municípios goianos, incluindo Pirenópolis, Rio Verde e, mais recentemente, Inhumas.
A unidade possui um aterro sanitário e outro industrial, além de uma autoclave para tratamento de resíduos de saúde e uma estação de tratamento de efluentes (ETE) para chorume. Com capacidade para processar até 2,2 mil toneladas diárias, a empresa recebe, em média, 800 toneladas por dia de resíduos domésticos e comerciais (Classe 2), além de resíduos perigosos (Classe 1), como pilhas, lâmpadas e materiais contaminados com produtos químicos.
Desde março deste ano, o aterro passou a receber os resíduos de Inhumas, que são transportados para um transbordo em Goianira e depois encaminhados a Guapó. A estimativa é que sejam tratadas cerca de 1,2 mil toneladas mensais apenas desse município.
Conformidade com as Normas Ambientais
Os aterros privados seguem rigorosas diretrizes estabelecidas por órgãos como o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). “Essa fiscalização garante que os aterros operem com altos padrões de segurança, diferentemente dos lixões, que agravam problemas ambientais e de saúde pública”, destaca o presidente da Abrema.
Diferenças Entre Aterros Sanitários e Lixões
- Controle Ambiental: Aterros seguem normas rígidas, com sistemas de impermeabilização, drenagem de chorume e captação de gases, enquanto lixões depositam resíduos diretamente no solo, causando contaminação.
- Gestão: Empresas privadas utilizam tecnologia e mão de obra especializada, enquanto lixões muitas vezes são administrados sem estrutura adequada.
- Sustentabilidade: Aterros podem incluir estações de triagem, reciclagem e geração de energia (biogás), enquanto lixões desperdiçam materiais recicláveis.
- Legalidade: Lixões são proibidos desde a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010), enquanto aterros cumprem a legislação.
- Impacto Social: Aterros reduzem a presença de catadores em condições precárias, enquanto lixões atraem vetores de doenças e prejudicam comunidades vizinhas.
- Viabilidade Econômica: Apesar do custo inicial mais elevado, aterros são mais sustentáveis a longo prazo, evitando passivos ambientais e gerando créditos de carbono.
Em resumo, os aterros sanitários privados representam uma solução eficiente e sustentável para a gestão de resíduos, contribuindo para a preservação ambiental e a saúde pública.
Fonte: Jornal Hora Extra