Foto: Ângelo Pignaton/ Agência CLDF

Câmara Legislativa DF – 23/05/2025

Uma comitiva da CPI do Rio Melchior foi a campo nesta quinta-feira (22) para conferir de perto o gerenciamento dos resíduos sólidos e o tratamento do chorume realizado pelo Aterro Sanitário de Brasília (ASB), localizado em Samambaia, às margens do rio. A presidente da comissão, deputada Paula Belmonte (Cidadania), o relator, deputado Iolando (MDB), e o membro titular Gabriel Magno (PT) ouviram esclarecimentos sobre a operacionalização do aterro, que é gerido pelo Serviço de Limpeza Urbana do Distrito Federal (SLU).

O aterro é um dos maiores do Brasil. Inaugurado em 2017, recebe diariamente cerca de 2200 toneladas de lixo, tem uma área total correspondente a 120 campos de futebol (760 mil m²) e mede o equivalente a um prédio de 20 andares. O ASB tem capacidade para atender a todo o DF e até mesmo receber rejeitos de municípios vizinhos participantes do Corsap (Consórcio Público de Manejo dos Resíduos Sólidos e das Águas Pluviais da Região Integrada do Distrito Federal e Goiás). 

Na primeira etapa da visita, a diretora técnica do SLU, Andrea Almeida, fez uma apresentação à comissão, explicando detalhes sobre o funcionamento do local. Ela destacou que o projeto do aterro vem sendo feito de forma escalonada. Atualmente, ele está em sua terceira etapa de implementação, prevista para ser concluída em 2027. A quarta e última etapa, que vai ter início logo em seguida, possibilitará o uso da capacidade máxima ao ASB.

Preocupações relacionadas à impermeabilização do solo, à implantação de sistemas de drenagem eficazes, ao tratamento de chorume, ao tratamento de gases liberados no processo e ao monitoramento da qualidade dos efluentes tratados despejados diariamente no Rio Melchior foram apresentadas aos representantes do SLU.

O presidente da autarquia, Luiz Felipe Cardoso de Carvalho, explicou que todos os processos de manejo dos resíduos são acompanhados de perto pelos órgãos de fiscalização ambiental – como a Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico (Adasa) e o instituto Brasília Ambiental (Ibram) – e estão em conformidade com resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

Chorume  

A lagoa de equalização do aterro, um reservatório que armazena e regulariza o fluxo de efluentes, recebe todos os dias 2.210 metros cúbicos de chorume, líquido tóxico gerado pela decomposição da matéria orgânica e infiltração de água da chuva. Isso equivale à capacidade de mais de uma piscina olímpica.

O material é tratado por meio de um processo físico-químico que envolve diversas etapas. O líquido gerado pelos resíduos aterrados é direcionado a dois reatores, onde recebe produtos químicos que dão início ao processo de purificação. Depois, o chorume é encaminhado à usina, onde passa por 20 filtros instalados na estação de tratamento.

O líquido liberado após esse processo é despejado diretamente no Rio Melchior, que fica a poucos metros das estações de tratamento. O SLU garantiu que o material depositado no corpo hídrico é analisado diariamente e tem sua qualidade atestada pela Adasa.

A deputada Paula Belmonte questionou a literatura científica que embasa o procedimento físico-químico adotado pelo aterro e anunciou que vai protocolar oficialmente um pedido de informações mais aprofundadas sobre o tema para se certificar de que os efluentes despejados realmente não comprometem a qualidade da água no rio.

A deputada relembrou um caso de derramamento de chorume diretamente no Rio Melchior ocorrido em 2019. Na ocasião, a autarquia explicou que uma reação química envolvendo o composto provocou a calcificação do chorume, obstruindo a tubulação que transporta o “líquido do maciço” até a lagoa de contenção, de onde segue para tratamento na Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb).

Os técnicos do SLU argumentaram que o problema foi sanado e que, desde então, não foi relatado nenhum outro caso de derramamento.  

Descarte no rio  

Após olharem de perto o trabalho de descarte do lixo no maciço, estrutura onde é depositado e compactado o lixo, e o tratamento do chorume nos reservatórios, a comitiva averiguou o descarte dos efluentes tratados na beira do Melchior. Os distritais puderam observar que, ao menos no dia da visita, a liberação dos rejeitos estava sendo feita da maneira correta, com a tubulação exposta e visível, e não submersa, como já se constatou em visitas anteriores.  

Apesar da demonstração feita pelo SLU de que o líquido despejado no rio segue padrões estabelecidos pelos órgãos de controle, a deputada Paula Belmonte afirmou que vai oficiar Adasa e Ibram para coletar mais informações sobre as análises técnicas que vêm sendo feitas na água.

“Nós precisamos verificar a análise desta água. Hoje, ela está saindo amarelada, mas, em uma visita anterior, notamos que ela estava saindo marrom. É importante entendermos claramente como é esse processo de purificação do chorume. Por isso, vamos questionar tanto Adasa quanto Ibram se eles estão fiscalizando o que está sendo despejado aqui”, afirmou a distrital.

Fonte: Câmara Legislativa DF

https://www.cl.df.gov.br/-/comissao-visita-aterro-sanitario-de-samambaia